"À meia-noite volto a
nascer. Você também. Que seja suave."
sábado, 31 de dezembro de 2011
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
"O tempo, superestimado, não muda nada. Só faz confundir realidade e passado num borrão sem cor. Eu vivo de acreditar na próxima semana, minhas esperanças estão no próximo mês. Quando me oferecem um próximo ano e contam as horas e os segundos pra que ele chegue, eu só quero me cobrir até os olhos e pedir arrego do mundo. Não me faça encarar toda a responsabilidade de um novo tempo, não posso admitir que cheguei ao fim do prazo sem cumprir com meus planos.
Quero todas essas fantasias de dezembro. Quero a pureza de acreditar numa nova vida. A leveza de esperar um mundo novo no segundo em que 2011 se torna 2012. Tudo novo, tudo limpo, tudo pronto pra ser diferente. Ar fresco, um alívio ou certa angústia, é tempo de ser mais eu. É tempo de me esquecer, de me perder, tempo de ter mais tempo.
Se num dia desses eu encontrar o que eu procuro, nesses caminhos tão avessos, talvez eu não precise das palavras. E então serei eu, de frente pro espelho, sem medo de ser quem me olha de volta."
Verônica H.
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
domingo, 25 de dezembro de 2011
sábado, 24 de dezembro de 2011
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
"Suponha que um anjo bata à sua porta. Não se espante: é final de ano e tradicionalmente, como os balões de junho, esta data é propícia ao aparecimento de anjos. Para evitar constrangimentos ou diálogos inúteis, você está sozinho em casa. Então o anjo bate, depois você larga o que estiver fazendo, abre a porta e convida-o para entrar e sentar, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Como a coisa mais natural do mundo, quando chega visita, também porque faz calor, e ainda ou principalmente porque algo em você sempre soube que deve-se ser gentil com anjos, você pergunta se ele gostaria de beber alguma coisa. Evite fazer isso: afinal, o que um anjo bebe? Café parece inadequado, quente demais para chá, difícil imaginar refrigerante ou cerveja, uísque ainda mais, suco de frutas talvez? Não ofereça nada, sequer faça qualquer comentário sobre o tempo ou aquelas perguntas para forçar intimidades tipo então, como vaio Gabriel?
Não, não pergunte nada. Pense apenas que, se um anjo bateu exatamente à sua porta nesta época do ano, e se tão exato entrou e sentou à sua frente, ninguém melhor do que ele saberá, com exatidão, o que fazer. Então espere. Não fique tentando descobrir se seria arcanjo, querubim ou serafim, nem se barroco, gótico ou medieval. Também tente serenizar a memória que certamente vai disparar feito computador, enumerando todas as imagens angélicas arquivadas desde a infância, ou até antes. Controle a tentação de achá-lo a cara daquele anjo da guarda com as mãos estendidas sobre as crianças à beira do abismo; afugente o anjo patético de García Márquez caído num galinheiro; esqueça o anjo cego Pygar carregando Barbarela pelos céus: um anjo é todos os anjos, sobretudo em dezembro. Concentre-se neste, pousado à sua frente.
Suponha que você está sentado imóvel e calado à frente de um anjo em sua própria casa, numa manhã ou tarde ou noite deste dezembro. Isso dura algum tempo, parado feito um fotograma. E atenção: estou certo que só depois que o anjo perceber que você parou de corpo e mente, e portanto abriu-se para ele, aceitando-o sem ohs!, é que vai começar a falar. Não uma voz de som, compreenda, mas uma voz dentro de você mesmo, muito clara, embora de certa forma abstrata, porque não-sonora. Com essa voz e nesse momento, o anjo vai dizer a você que pode pedir qualquer coisa. Mas qualquer, qualquer mesmo?, você pergunta ávido.
Calma, calma: chegamos ao ponto. Eu aviso porque sei que, quando o anjo falar, será muito fácil sua mente desenfrear-se desgovernada por carros, amores, apartamentos, viagens, iates e toda essa espécie de prazeres. Bastardos, bradará o anjo. Porque — atenção! — se você for pessoal, haverá em seguida um ruflar de asas, um clarão, e o anjo desaparecerá sem atender pedido algum, sem deixar nenhum sinal.
É que, a grande revelação eu faço agora, os anjos deste dezembro não são pessoais. Concentrado e fervoroso, então, peça pelo País, por este onde estamos agora os três. Eu, você, o anjo. Que se banhe de luz, peça, e não só isso, peça abstrações como justiça, paz, dignidade, honestidade, e peça ainda o concreto de estradas, escolas, trabalho, comida. Feche os olhos, enumere tudo, com todos os detalhes. Não importa que demore muito, e certamente vai demorar: o País tem todos os defeitos do mundo. Mas os anjos, eles também têm todo o tempo do mundo.
Agora abra os olhos. Suponha que você tenha terminado de ler este texto. Suponha que você não acredita em anjos. Suponha que você joga o jornal de lado aborrecido e assim nesse movimento de folhas voando, voa também entre elas uma pena pelo ar. Branca, leve, inconfundível. Que estranho, você pensa, parece de anjo. É neste momento que alguém bate à sua porta."
Caio Fernando Abreu
Como a coisa mais natural do mundo, quando chega visita, também porque faz calor, e ainda ou principalmente porque algo em você sempre soube que deve-se ser gentil com anjos, você pergunta se ele gostaria de beber alguma coisa. Evite fazer isso: afinal, o que um anjo bebe? Café parece inadequado, quente demais para chá, difícil imaginar refrigerante ou cerveja, uísque ainda mais, suco de frutas talvez? Não ofereça nada, sequer faça qualquer comentário sobre o tempo ou aquelas perguntas para forçar intimidades tipo então, como vaio Gabriel?
Não, não pergunte nada. Pense apenas que, se um anjo bateu exatamente à sua porta nesta época do ano, e se tão exato entrou e sentou à sua frente, ninguém melhor do que ele saberá, com exatidão, o que fazer. Então espere. Não fique tentando descobrir se seria arcanjo, querubim ou serafim, nem se barroco, gótico ou medieval. Também tente serenizar a memória que certamente vai disparar feito computador, enumerando todas as imagens angélicas arquivadas desde a infância, ou até antes. Controle a tentação de achá-lo a cara daquele anjo da guarda com as mãos estendidas sobre as crianças à beira do abismo; afugente o anjo patético de García Márquez caído num galinheiro; esqueça o anjo cego Pygar carregando Barbarela pelos céus: um anjo é todos os anjos, sobretudo em dezembro. Concentre-se neste, pousado à sua frente.
Suponha que você está sentado imóvel e calado à frente de um anjo em sua própria casa, numa manhã ou tarde ou noite deste dezembro. Isso dura algum tempo, parado feito um fotograma. E atenção: estou certo que só depois que o anjo perceber que você parou de corpo e mente, e portanto abriu-se para ele, aceitando-o sem ohs!, é que vai começar a falar. Não uma voz de som, compreenda, mas uma voz dentro de você mesmo, muito clara, embora de certa forma abstrata, porque não-sonora. Com essa voz e nesse momento, o anjo vai dizer a você que pode pedir qualquer coisa. Mas qualquer, qualquer mesmo?, você pergunta ávido.
Calma, calma: chegamos ao ponto. Eu aviso porque sei que, quando o anjo falar, será muito fácil sua mente desenfrear-se desgovernada por carros, amores, apartamentos, viagens, iates e toda essa espécie de prazeres. Bastardos, bradará o anjo. Porque — atenção! — se você for pessoal, haverá em seguida um ruflar de asas, um clarão, e o anjo desaparecerá sem atender pedido algum, sem deixar nenhum sinal.
É que, a grande revelação eu faço agora, os anjos deste dezembro não são pessoais. Concentrado e fervoroso, então, peça pelo País, por este onde estamos agora os três. Eu, você, o anjo. Que se banhe de luz, peça, e não só isso, peça abstrações como justiça, paz, dignidade, honestidade, e peça ainda o concreto de estradas, escolas, trabalho, comida. Feche os olhos, enumere tudo, com todos os detalhes. Não importa que demore muito, e certamente vai demorar: o País tem todos os defeitos do mundo. Mas os anjos, eles também têm todo o tempo do mundo.
Agora abra os olhos. Suponha que você tenha terminado de ler este texto. Suponha que você não acredita em anjos. Suponha que você joga o jornal de lado aborrecido e assim nesse movimento de folhas voando, voa também entre elas uma pena pelo ar. Branca, leve, inconfundível. Que estranho, você pensa, parece de anjo. É neste momento que alguém bate à sua porta."
Caio Fernando Abreu
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
"Quando você deixou de me amar, segui o conselho dos meus amigos e comprei um iPhone. Entre canções do Beck, Jeff Buckley e trilhas sonoras dos filmes que esqueci de ver contigo, procuro incessantemente por um aplicativo que faça o tempo voltar. Eu não preciso de uma porcaria dessas, tudo que preciso é do seu abraço e do seu cheiro de banho tomado(...). Merda, te amo ainda.
Garoto, sabe, tenho uma saudade do cheiro da sua pele, tanta, que às vezes me dá uma vontade ridícula de chorar. Não só pelas vezes que minha memória olfática retroativa seu perfume (...). Mas porque me vem uma certeza que eu ainda tinha mais pra amar, muita coisa pra admirar, outros pontos epidérmicos pra jamais esquecer. Você tinha alguma coisa, um segredo, uma receita que os outros não têm, não sei."
Gabito Nunes
domingo, 11 de dezembro de 2011
sábado, 10 de dezembro de 2011
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
"Entendi como e por que você sempre deixava uma brechinha pro mundo lá fora entrar. Você nunca fechava a porta do nosso relacionamento porque precisava dessa beiradinha aberta pra saber que o mundo lá fora ainda existia enquanto estava comigo. E isso te matava aos pouquinhos por dentro porque você queria saber de tudo o que acontecia lá fora também, pois você não sabe ter uma coisa só.
Se você perguntasse da minha porta, eu diria que estava fechada e que havia jogado a chave fora. E você sabe o porquê disso. E eu também entendi que pra você me deixar, eu preciso te deixar primeiro. E assim nós seguimos nossas vidas paralelamente sem que um lembre do outro. Porque eu preciso mesmo fingir esquecer você pra me fazer acreditar e, quando eu acreditar, vou conseguir realmente te deixar e você vai conseguir se livrar de mim e no final o que parecia complicado se torna fácil e simples.
Eu quis muito hoje quando acordei que minha vida me compensasse de alguma maneira. Que alguém me acordasse com um bom dia radiante e um beijo no rosto e um abraço tão quente que derreteria satélites e meus pés gelados. Mas isso só uma pessoa no mundo poderia me dar, e essa pessoa não é você."
Ana Beatriz Vilela
Se você perguntasse da minha porta, eu diria que estava fechada e que havia jogado a chave fora. E você sabe o porquê disso. E eu também entendi que pra você me deixar, eu preciso te deixar primeiro. E assim nós seguimos nossas vidas paralelamente sem que um lembre do outro. Porque eu preciso mesmo fingir esquecer você pra me fazer acreditar e, quando eu acreditar, vou conseguir realmente te deixar e você vai conseguir se livrar de mim e no final o que parecia complicado se torna fácil e simples.
Eu quis muito hoje quando acordei que minha vida me compensasse de alguma maneira. Que alguém me acordasse com um bom dia radiante e um beijo no rosto e um abraço tão quente que derreteria satélites e meus pés gelados. Mas isso só uma pessoa no mundo poderia me dar, e essa pessoa não é você."
Ana Beatriz Vilela
"Se antes de acabar pra você já acaba, me fala, quando é que começa? Então começamos sem começar? Do jeito mais errado? E o pior é que eu não posso matar você porque não existe morte para o que nunca existiu. Não existe nenhum túmulo com a plaquinha escrita que aquilo ali morreu sem ser. E, querendo ou não, no meio disso tudo fica eu. Eu perdida e sem entender e em pedaços e sem ninguém porque ninguém é alguém quando me lembro de alguma parte sua. Por menor ou mais insignificante que ela seja. Tudo continua sendo nada comparado com você.
Sei que isso aqui é só mais um jeito de tentar reviver você e pra ver se você volta.
Mas olha eu, de novo, tentando fazer (re)viver algo que não existe."
Sei que isso aqui é só mais um jeito de tentar reviver você e pra ver se você volta.
Mas olha eu, de novo, tentando fazer (re)viver algo que não existe."
Ana Beatriz Vilela
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Não sei o que te escrever. Realmente não sei o que te escrever. Talvez porque você não exista ou pelo menos agora, pra mim, não exista. Fiz questão de esquecer o seu nome, o número do seu telefone e a placa da sua moto. Quando perguntam porque ando tão calada e distante eu falo que não é nada...Não é nada. E é verdade, afinal, você acabou se tornando sinônimo de 'nada' a partir do momento que se demonstrou a pessoa mais covarde e mentirosa que já conheci em toda minha vida.
É incrível a sua capacidade de sumir depois que as farsas são descobertas. Usa e abusa de argumentos falsos para tentar justificar a merda feita. O problema, meu querido, é que você esqueceu que não sou como aquela outra que engole sorrindo as merdas que você faz, e por não ser igual a ela é que estou te deixando agora.
Você com essa cara de cínico olhando pra mim , só me faz ter certeza de que estou fazendo a coisa certa, para de me culpar e de afirmar que a pessoa errada da história foi eu. Meu Deus, como seu orgulho me irrita, olha o que você tá falando 'Acredita em quem você quiser, pode ir embora, tô tranquilo', mas é claro que você tá tranquilo, aquela outra daqui a pouco tá ajoelhada aos seus pés e o sexo tá garantido. Um homem como você precisa de mais alguma coisa além de sexo ? Óbvio que não.
Me sinto patética escrevendo isso pra você...Querido, você não é digno de um texto meu, só que às vezes eu preciso vomitar algumas coisas que me incomodam, entende? Que compreensível...você entende. Eu é que não entendo...Simplesmente não consigo compreender como uma pessoa pode olhar no fundo dos meus olhos e negar toda a verdade. Fez alguma aula? Participou de algum concurso ' O mais mentiroso do ano' ? Como que é isso aí ? Me explica, meu amor.
'Meu amor', hunf...Na primeira vez que fiquei com você, logo soltou um 'meu amor'. Minha resposta foi objetiva 'Não sou seu amor', ai...como agradeço meu senso de humor por isso, tinha que ver a cara de 'cachorro sem dono' que você fez. Eca, que nojo que eu tô dessa sua cara de 'cachorro sem dono', isso, essa mesma que você está fazendo nesse exato momento.
Toma sua pulseira, não aguento mais ver ela na minha casa, não combina nada com o visual do meu quarto, não faz meu estilo. Nem você.
É incrível a sua capacidade de sumir depois que as farsas são descobertas. Usa e abusa de argumentos falsos para tentar justificar a merda feita. O problema, meu querido, é que você esqueceu que não sou como aquela outra que engole sorrindo as merdas que você faz, e por não ser igual a ela é que estou te deixando agora.
Você com essa cara de cínico olhando pra mim , só me faz ter certeza de que estou fazendo a coisa certa, para de me culpar e de afirmar que a pessoa errada da história foi eu. Meu Deus, como seu orgulho me irrita, olha o que você tá falando 'Acredita em quem você quiser, pode ir embora, tô tranquilo', mas é claro que você tá tranquilo, aquela outra daqui a pouco tá ajoelhada aos seus pés e o sexo tá garantido. Um homem como você precisa de mais alguma coisa além de sexo ? Óbvio que não.
Me sinto patética escrevendo isso pra você...Querido, você não é digno de um texto meu, só que às vezes eu preciso vomitar algumas coisas que me incomodam, entende? Que compreensível...você entende. Eu é que não entendo...Simplesmente não consigo compreender como uma pessoa pode olhar no fundo dos meus olhos e negar toda a verdade. Fez alguma aula? Participou de algum concurso ' O mais mentiroso do ano' ? Como que é isso aí ? Me explica, meu amor.
'Meu amor', hunf...Na primeira vez que fiquei com você, logo soltou um 'meu amor'. Minha resposta foi objetiva 'Não sou seu amor', ai...como agradeço meu senso de humor por isso, tinha que ver a cara de 'cachorro sem dono' que você fez. Eca, que nojo que eu tô dessa sua cara de 'cachorro sem dono', isso, essa mesma que você está fazendo nesse exato momento.
Toma sua pulseira, não aguento mais ver ela na minha casa, não combina nada com o visual do meu quarto, não faz meu estilo. Nem você.
Agora vai e vê se não volta nunca mais. Vai e vê se consegue enganar direitinho outras mulheres por aí. Vai e vê se cresce. Vai e vê se ocupa seu precioso tempo tentando fazer a coisa mais impossível da sua vida: virar homem.
Patricia Mululo
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