Caio Fernando Abreu
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
"O caso é que passei tempos sendo generosa contigo. Generosa com os dias que você sufocava qualquer manifestação de romance, generosa nas vezes que você comentava do seu trabalho sem prazer nenhum, generosa quando você esquecia de bolar algo novo pra me tocar, (...) generosa te sugerindo formas de fazer as pazes comigo depois de alguma intempestividade, generosa com as vezes que você vinha da rua me trazendo nada, generosa com sua amargura.
Eu consertava tudo, e você só fazia deixar o mundo de ponta-cabeça. Então decidi que chegara a hora de atroz. Demorei, mas descobri que podia ser cruel, muito cruel. Simplesmente me vi exausta de tentar camuflar minhas expectativas. Ao mesmo tempo que odiei nós, desenvolvi um amor oceânico por todas essas emoções e sentimentos que nunca imaginei que poderia ter de volta. Me apeguei a isso. E foi aí que tudo que você achava saber sobre mim tropeçou e caiu feio.
Uma vez ameacei ir embora e tudo que você foi capaz de me dizer foi um "pode ir!" cheio de desprezo. E quer saber? Eu fui. O que eu queria? Apenas converter aquele "pode ir!" idiota, sabe? Eu testei você, e você caiu, trouxa. Medroso, covarde, cagão, não foi homem pra me procurar."
Eu consertava tudo, e você só fazia deixar o mundo de ponta-cabeça. Então decidi que chegara a hora de atroz. Demorei, mas descobri que podia ser cruel, muito cruel. Simplesmente me vi exausta de tentar camuflar minhas expectativas. Ao mesmo tempo que odiei nós, desenvolvi um amor oceânico por todas essas emoções e sentimentos que nunca imaginei que poderia ter de volta. Me apeguei a isso. E foi aí que tudo que você achava saber sobre mim tropeçou e caiu feio.
Uma vez ameacei ir embora e tudo que você foi capaz de me dizer foi um "pode ir!" cheio de desprezo. E quer saber? Eu fui. O que eu queria? Apenas converter aquele "pode ir!" idiota, sabe? Eu testei você, e você caiu, trouxa. Medroso, covarde, cagão, não foi homem pra me procurar."
Gabito Nunes
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
"Procuro um lugar distante, aonde minha saudade, meu tesão, meus choros ridículos não queiram me acompanhar. Debaixo da ponte, no ombro dos bêbados. Estão me olhando por quê? Vão se foder todo mundo. O desfile de cores passou, o tapete de pétalas se varreu, o perfume cessou, o pólen parou de beliscar meu nariz. E esse outono que recém iniciou e não acaba? Sem grandes esperanças. A gente não foi um sentimento, só uma estação."
Gabito Nunes
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
sábado, 19 de novembro de 2011
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
"Se dessa vez for amor, eu juro, não vou deixar o melhor pro fim. Então, ficaí. Sentado, com os braços cruzados, sem falar nada muito diferente ou contar sobre algum plano futuro. Só ficaí. Pode ser com aquela cara de brabo que inexplicavelmente me deixa com um puta tesão desgraçado. Ficaí sem pensar em nada, em ninguém, sem lembrar da infância na praia ou alguma ex-namorada ainda obcecadamente nostálgica pela sua cara de brabo.
Ficaí no meu sofá, bufando mais um pouco, dando oxigênio pra minha esperança. Ficaí e me pede qualquer coisa, água, meus pés pra caminhar, mais um pacote de doritos, um strip-tease, em casamento. Não dê conselhos. Não tenha recordações. Não queira ir em festas. Não assista futebol. Não pergunte as horas. Não crie teorias a respeito de nós. Não lembre do seu afilhado. Não pense sobre onde está indo isso. Não ligue pra sua mãe. Não fale dos seus medos. Não ame mais ninguém.
Ficaí no meu sofá, bufando mais um pouco, dando oxigênio pra minha esperança. Ficaí e me pede qualquer coisa, água, meus pés pra caminhar, mais um pacote de doritos, um strip-tease, em casamento. Não dê conselhos. Não tenha recordações. Não queira ir em festas. Não assista futebol. Não pergunte as horas. Não crie teorias a respeito de nós. Não lembre do seu afilhado. Não pense sobre onde está indo isso. Não ligue pra sua mãe. Não fale dos seus medos. Não ame mais ninguém.
Ficaí, só ficaí, estacado, eternizado, cristalizado, como num coma induzido, talvez a única coisa capaz de te fazer diferente de todos aqueles outros homens da minha vida que faleceram e me deixaram enterrada em seus lugares.
Não sinta fome de nada, além de mim. Confia em mim, sem comida você dura vinte dias. Ficaí. Sem beber, você demora uns quatro dias pra morrer. Relaxa, ficaí, porque sem amar você pode durar a vida inteira sem ter valido a pena. Ficaí enquanto vejo uma maneira de não jogar pela janela todo tipo de amor que vem até mim tão fácil. Porque apesar da sua cara de brabo, você é tão fácil, tão leve, tão solto, tão tudo que eu sempre quis quando me agrarra pelo braço, me pega pelos quadris, mastiga todo meu corpo e cospe fora somente minhas mentiras, carências e toxinas.
Não quero usar aquelas frases de diário de colégio e dizer que o tiver de ser, será. Mas se tem uma coisa que não desejo de jeito algum é que um determinado dia, você demore um pouco e enrole antes de dizer que cansou de tudo, do meu sofá, do meu frango com gengibre, do meu jeito de não ficar satisfeita quando fico satisfeita, da permanência das minhas mudanças e diz que já vai indo, alimentando meu asco por últimos olhares em portas de elevador.
Da cozinha eu te vejo sério e minha bronquite já se manifesta contrária à ausência do hálito do seu papo calmo, curioso e um pouco engraçado, então fico pensando no que mais posso te oferecer pra você ficar aí. Burra, eu devia ter lotado meus armários antes de entregar mais uma vez minha dolorosa vontade de ser dois. Procuro um jeito de te manter descontraído morrendo de pânico que você só esteja distraído, misturando ausência com um tanto de curiosidade.
Parece exagero, mas é que você, poxa vida, só você conseguiu pular o muro de dificuldades que levantei em volta de mim quando as palavras dor, saudade, ausência, falta e despedida fizeram de mim uma menina de lata. Você e seus cabelos escuros e sempre meio ensebados de vir da rua, seu abraço com cheiro de confiança e seus sorrisos nada comerciais. Eu, menina com os pés no chão e sem teto, acabei de decidir que vou levar um choque térmico, atravessando bruscamente pro lado quente da calçada. Conto contigo. Então, ficaí."
Gabito Nunes
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
sábado, 5 de novembro de 2011
"Claro que você não tem culpa, coração, caímos exatamente na mesma ratoeira, a única diferença é que você pensa que pode escapar, e eu quero chafurdar na dor deste ferro enfiado fundo na minha garganta seca que só umedece com vodca, me passa o cigarro, não, não estou desesperada, não mais do que sempre estive."
Caio Fernando Abreu
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
"Mas eu não posso reclamar. É, não posso reclamar. Mas eu queria reclamar, conversar, entender, decidir. Ou então gritar, berrar, rugir, enlouquecer até você verbalizar uma improbabilidade tal como "garota, cala essa boca lotada de marimbondos e pequenas palavras mal escolhidas e vê se escuta isso: eu amo você demais". Como fazem nas histórias da locadora que não temos paciência de assistir, porque no fim a gente fica sabendo que assim como amar, ser amado também é uma coisa que se aprende. E hoje, isso de amor é muito blá."
Gabito Nunes
Gabito Nunes
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