segunda-feira, 25 de junho de 2012

"Aconteceu alguma coisa e faz tempo. Eu é que tô atrasado. Uns seis meses, pelo menos? Pode ser. Mas eu preferia ouvir um sermão da montanha do mestre Yoda ou uma previsão quente daquela sua amiga fofoqueira e mal comida, do que essa verdade incompleta sobre nós dois. A gente simplesmente se acostumou com a ausência um do outro. Desistimos de regar o jardim. Deu errado. Tá, caramba. Só que todas essas explicações lógicas parecem contas matemáticas da segunda série pra mim: um processo simples que meu coração já decorou – só não entendeu.

Porque eu ainda gosto de você, da sua voz, da sua raiva, dos seus tremeliques, dos lóbulos das suas orelhas, do cheiro, da pele, do seu modo de ficar, dos seus pés e coxas, do problema que você me traz e do seu jeito de não fazer nada, até. Eu gosto. Entende?

(...)

Eu queria tudo ou nada. Agora ou nunca mais. Não te abrigar num lugar tão confuso, apertado e cuidadosamente despreparado como a corda bamba do meu coração. Você está lá. Ainda que sem vida ou ordem. Mas, está. E é assim que eu toco o barco. Às vezes com a sensação de que o vento que empurra o meu cabelo pra trás é você."

Lucas Simões 

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